1 de jun. de 2013

Relato Erich Brack - BRM 300 Km, 25 e 26 maio de 2013 - SAC

São Leopoldo-Farroupilha-Estrela

Chegada do Erich no PC 01.


Com a mensagem do Helton, não tenho muito que comentar, foram sabias palavras, e tradução correta do diálogo. O que apenas não constou foi a minha certa “raiva” em tentar responder esta pergunta, quando eu na realidade já pensava em desistir... Diante de todas aquelas subidas pela frente. Fico muito agradecido pela franqueza das palavras duras, mas verdadeiras.

Muito contente com a localização da largada em São Leo, onde aprendi a andar de bicicleta durante minha infância. Muitos preparativos prévios com a instalação de um novo farol de dínamo no cubo, atendendo a orientação da organizadora pela importância da iluminação, obtendo 90 lux em luz alta. Adrenalina a mil, devido discussão prévia sobre a altimetria, além da participação de meu irmão e minha cunhada Maxi, iniciando na modalidade Randonneur e única representante do sexo feminino, nesta árdua empreitada que se avizinhava!

Na saída, alguma dificuldade na montagem da bike, agora um pouco mais difícil devido toda fiação elétrica a ser montada, enfim, tudo funcionando, mas sendo um dos últimos a alinhar para a largada!

No primeiro trajeto, pedalando sem compromisso com ninguém, encontrei o Leandro G. Leite, com quem conferi algum detalhe sobre a localização do primeiro PC, o trajeto ser inédito, mas logo partiu adiante, quando fui aos poucos encontrando o Lacerda (Curitiba), nosso apoio no PBP 2007 em Paris, bem como logo encontrei o Calvete e posteriormente fomos alcançados pelo pelotão do Dieter, Maxi, Juarez Pereira e pelo Mauro Guerra, e aos poucos fui localizando na frente pela capacidade de iluminação do farol e mesmo assim houve uma queda de parceiro ao passar por montanha de brita, seguindo assim até o pé da subida de Farroupilha, onde sugeri parada para alimentação e desprezar substancias líquidas desnecessárias para levar junto, retomamos o pedal em grupo, e lentamente fui me distanciando, pois grande maioria do pelotão estavam de MTB e com bagageiros bem carregados. Sendo que até a chegada de Farroupilha ia eventualmente desligando o potente farol para poder apreciar a beleza das montanhas na noite de luar, aproveitando para distrair-me na solidão, enquanto ia alcançado alguns companheiros a frente como Calvete, Mogens, Lazari, Fabrício e mais dois que não conhecia. Molhado e cansado, chegando em PC1 de Farroupilha, um café, chocolate, água e torrada completa, prossegui rumo a Garibaldi.

Neste trajeto fui acompanhado pelo Valter, algo atrasado por ter furado um pneu, nos perdemos no centro da cidade, mas conseguimos ver a bonita igreja de Farroupilha, toda iluminada em plena madrugada, enfim após algum ziguezague encontramos um motorista de taxi que ajudou a encontrar o rumo do desvio Blauth. Algo conturbado pelos paralelepípedos cruzados e trepidando levando a bolsa de guidão ceder e cair sobre o farol e que também ia cedendo lentamente gerando duas paradas para apertos de parafusos.

Enfim conseguimos seguir pelo desvio indicado e encontrando inclusive o PC secreto, quando visualizamos um ciclista passando atravessado no asfalto em nossa frente e depois o avisamos sobre a existência do amigo walesco . Valter queria chegar as 8 h em Lajeado, seguia um pouco a frente eventualmente, quando chegamos praticamente juntos no PC e encontrando a companheira preferiu quedar-se na casa da namorada, abandonou a prova alegando frio, neblina...

Tive que retomar a volta sozinho, o morro apertando, na direção de Garibaldi, e toda aquela subida, algum ziguezague, encontraram o amigo Helton saindo de algumas vegetações nativas, oportunidade onde se seguiu o diálogo citado, gerando alguma angústia em tentar animar e seguir em frente diante da resistência do amigo que pensava apenas em chegar ao restaurante do almoço. Foi uma subida bastante dura, encontrando inúmeros veículos antigos que desciam velozmente provavelmente oriundos de algum evento, Exposição de veículos antigos em Teutônia, subindo lentamente com a “ajuda” do vento contra ao chegar perto do cume, e aos poucos se desvencilhando das luvas e partes da casca de cebola, enfim chegado do inicio do desvio, uma parada pra alimentação, seguindo em frente e encontrando com o Lazari sendo resgatado, pensei tá ficando séria a coisa! A seguir nova elevação e sendo alcançado por outro ciclista, e juntos ziguezagueando pelas lombas, e chegando um veículo, caiu, sendo atendido pela camionete de cruz alta que nos seguia!

.... Erich, você realmente estava  cansado, confundiu o Lazary, com outro ciclista, porque o nosso amigo Lazary, desistiu no Km 152 (Promilk), alegando despreparo devido ao alto ritmo de trabalho dos últimos meses. (nota da Organização)

Chegado o restaurante, mas a fome nem era muita, começava uma sensação de estranha saciedade, alimentei-me relativamente mal, e logo chegando o Helton que gostaria de sentar-se comigo, mas ficando com medo de me atrasar, segui adiante, usando alguns bronco-dilatadores e medicação anti-hipertensiva, pois tinha a impressão que o pulmão começava a dar sinais de broncoespasmo, já que havia relaxado o uso de medicação profilática, no restaurante de comida bastante gordurosa, fui avisado que o PC3 fecharia as 14:17 h, e achando ser possível fazer os 30 km restantes, alcancei o desvio Blauth.

Seguindo lentamente morro acima, não rendia, parei aguardando e rezando conseguir contato com Ninki para resgate, pouco confiante, pois já sabia por ela que estava sem celular (bateria), mesmo assim tentei, nem resposta. Tive de seguir em frente, quase sendo atropelado por três veículos na entrada pelo vértice da trifurcação, sendo cortado por dois carros que seguiram a minha direita em sentido contrario. Quando chega o KM 222 encontrei uma PAREDE no meio da pista, impossível subir, parei em frente a uma porteira, sentei e fiz uma parada calculada de 15 minutos para descanso e criar coragem de enfrentar a situação, pensando, pensando, enquanto curtindo o sol, fitava a subida e ia imaginando, criando coragem. Sem condições de subir pedalando, subi a pé com a sapatilha gasta escorregando no asfalto, quando, enfim chegando a Farroupilha, o reboque famoso passou, pedi lugar pra mais um, mas seguia em frente, nem parou!

Alcancei o PC já em vias de término de serviço, querendo desistir e sendo intimado pela organizadora a seguir em virtude de ainda haver tempo necessário e ser descida, a parte mais perigosa, sem acostamento, e a mais emocionante por necessidade de ser veloz.

Comi uma salada de frutas, um suco enquanto o caroção já deixava o PC, liguei o famoso farol, com sinaleira e luz de freio, para impor respeito aos motoristas e seguir para o perigoso trajeto da descida, ao qual consegui fazer tranquilamente, descendo no meio da pista a 60 km/h e eventualmente permitindo ultrapassagens quando a estrada assim permitia, felizmente não passou nenhum caminhão, apenas alguns ônibus.

Em uma das paradas, liguei para minha filha torcer por mim, pois estava em vias de conseguir chegar a tempo numa disputa tão acirrada contra o tempo, colocando-a a par da situação, ainda tínhamos de chegar a Santa Cruz do Sul, pois estava na casa dos avós em Porto Alegre!

Algum movimento intenso ao cruzar o pedágio, e não chegava nunca o tal do entroncamento com a BR 116. Seguindo pela rua lateral, frente ao grande movimento da chegada á capital, consegui alcançar o Ginásio de Esportes de São Leopoldo, sendo o último a chegar, faltando ainda 20 minutos para o término do tempo. Muita felicidade e cansaço na chegada, abraço, fotos e carregando o carro, fiquei sabendo do alto índice de desistências ocorrido, 21 de 64 inscritos. Houve um comportamento adequado da bicicleta, não furei nenhum pneu, apenas o selim, companheiro de dois PBP´s terminou por esfarelar-se, resta apenas minha crise de asma, desencadeada pelas extremas condições de umidade e frio encontradas.

Parabéns aos organizadores que tiveram a ousadia de incluir uma prova bem diferente das anteriores, lembrando que a altimetria provavelmente é a correta, pois certamente como se tratam de estradas vicinais, não tendo nenhuma obra grande de terraplanagem, túnel, viaduto certamente terá muito mais ascensões que a rota do sol que tem vários túneis e viadutos, com uma subida lenta e constante!

Fica minha sugestão de realizar a prova de 1200 km com trajeto POA FLORIPA POA, passando pela serra! Certamente seria um sucesso diante das inúmeras belezas naturais e transito ainda bastante reduzido pela descontinuidade do asfalto em parte do trajeto! Teríamos inclusive uma ponte parecida e linda como a chegada em Brest!



Erich Brack/Zé do Pedal

PBP 2007, PBP 2011

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3 Responses to “Relato Erich Brack - BRM 300 Km, 25 e 26 maio de 2013 - SAC”

Lindolfo Muller disse...
1 de junho de 2013 às 19:58

Fica a admiração pela sua perseverança.
Parabéns!


Lydinha Chicar disse...
1 de junho de 2013 às 20:25

Parabéns Erich Brack,muito lindo seu depoimento e seu exemplo,pois através de tantos detalhes mostrastes que continuar é algo muito superior aos medos e dificuldades da vida!!!!Continuar sempre vale a pena!!!Muito sucesso pra você !!!!obrigada pela atenção,beijos


AUGUSTO R PERIRA disse...
2 de junho de 2013 às 06:10

ERICK, sou AUGUSTO PEREIRA e estávamos subindo e passando a Santinha em Boa Vista em direção ao restaurante qdo levei um tombo e meu irmão com uma caminhonete, parou para ver o que tinha acontecido depois até tiramos uma foto no restaurante, não sei se o Sr. está lembrado. Quando saí de minha cidade o meu carro passando a cidade do CRISTAL em direção a POA, rebentou a correia dentada e como desgraça não vem sozinha o comando de válvulas foi para o saco..... O meu irmão que vinha de MANAUS com conexão para o RIO e destino a POA, fiquei de pegar ELE no Salgado Filho, mas não deu. Aí por estas sorte do destino minha cunhada tinha ido ao encontro dele de caminhonete, saindo de Carazinho e o pegou no aeroporto. Já nestas horas já havia comunicado ao seu filho(meu sobrinho) do acontecido comigo. Um guincho me pegou na estrada me rebocou isto eram 10:30..... as 14:15 me pegou no mecânico e partimos em direção a POA(telefonei várias vezes para a NINKI, mas dava ocupado, queria comunicar de meu atraso), chegando às 16:15, onde fomos falar com a NINKI, me explicou o trajeto....... Cheguei no PC1 de farroupilha às 2:38 e logo apôs veio outro atleta, no qual me disse que era da região e conhecia o TRAJETO e lhe disse: VAMOS JUNTOS ENTÃO, POIS NÂO CONHEÇO O TRECHO...... mas para surpresa minha o mesmo não se encontrava mais........ Não encontrei a entrada de BOA VISTA, passei reto até o pedágio e retornei até um posto de gasolina. Vi que estava errado e retornei novamente até o MALDITO PEDÁGIO, onde a moça que estava na cancela me disse que teria de passar uns 600m do tal posto de combustível. Já preocupado, pois não achava a tal entrada para a Cidadezinha, me coloquei a pedalar rapidamente e eis que a entrada estava bem na frente do Restaurante no qual almoçamos. Mas ainda não tinha obtido o caminho certo, pois na Santinha no meio do trajeto, fui reto e me deparei com uma SINGELA PLACA dizendo " EM 50 m FIM DA ESTRADA DE ASFALTO". Retornei a estrada principal no km 111, onde por sorte Vc e o MALTA, estavam chegando e ai sim fomos pelo caminho correto, no qual cruzou por nós um atleta em alta velocidade, que estava no caminho errado e mais tarde o alcançamos e dissemos para Ele que tinha um fiscal surpresa...... Só neste trajeto de ERROS MEUS, fiz 22 KM a mais. Meu irmão e minha cunhada foram fundamentais, para conseguir completar o trajeto, pois estava cansado de tantos erros e quando os avistei antes da entrada de volta para BOA VISTA de manha os mesmos me alcançavam e enchiam minhas caramanholas de água e era tudo que queria naquele momento, pois não tirei ou aliviei, minhas roupas e não fazia meu corpo a troca de ar e estava num período fundamental da prova. Foi quando nos encontramos novamente por dentro de BOA VISTA e levei um tombo, qdo estávamos fazendo ziguezague..... Após o almoço tirei minha roupa, me aliviou e aí comecei a pedalar livre. Cheguei às 19:14 pedalei 18:44 e fiz com meus erros 326.5 Km. Foi uma aventura e tanta e valeu a pena tudo que me aconteceu..... O importante é que eu soube encarar o ESPÍRITO RONDONEIRO e com todas as adversidades e dificuldades não desisti e consegui cumprir o objetivo. Um abs para o Sr., MALTA..... e até um próximo desafio de 400 Km em AGOSTO.


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