5 de nov. de 2012

Giro do Chimarrão II - Relato do Rodyer


O Audax/Randonneur é uma modalidade de ciclismo desafiadora! Vejo que cada um busca seus desafios nesta vida, e eu escolhi os brevets Audax/Randonneur para superar meus desafios pessoais, profissionais e ciclísticos. Um destes desafios propostos era o 1000km promovido pelo Clube Sociedade Audax de Porto Alegre, o famoso Giro do Chimarrão II.

O brevet realizado dia 18 de outubro de 2012 já estava no meu calendário desde que terminei o Paris-Brest-Paris 2011, pois é a maior prova de longa distância do Brasil. Ali estariam os principais Randonneurs do Brasil! Alguns que estavam na França junto comigo, bem como vários ciclistas gaúchos onde esta modalidade é muito divulgada no Rio Grande do Sul.



As 9 horas da manhã todos largaram rumo ao interior do Estado para dar um “Giro” e voltar novamente a Porto Alegre em até 75 horas. Na largada grandes ciclistas do nosso Brasil como o Cezinha do Rio, Roberto Trevisan organizador do Randonneurs Brasil, Gilson Kassulke que já havia completado o primeiro Giro do Chimarrão, Tim de Brazilandia o primeiro brasileiro a terminar o PBP 2011, meus conterrâneos paranaenses Ronildo Silva o “guerreiro lapeano” e Claudemir Sperandio que também fez o Paris-Brest-Paris 2011. O brevet tinha 40 ciclistas randonneurs que toparam percorrer os 1000km repletos de grandes desafios e superações.

Nos primeiros 123km percorri todo sozinho até Pantano Grande, tive o primeiro furo do pneu que troquei rapidamente. Durante esta etapa o calor intenso era o principal obstáculo, chegando no PC1 e indo para PC2 além do calor as subidas deram um tempero a mais ao Giro. Estava torcendo para a noite chegar, pois com temperaturas mais baixas pedalo melhor. Entre o PC2 e o PC3 era praticamente plano e com descidas, neste trecho de 89km fui na companhia dos gaúchos, Saul Rodrigues, Rodrigo Cortese, Daniel Scartezini e Ivã Boesing, um foi cooperando com o outro, mas cada um com estratégias diferentes, tanto é que o Saul acabou dormindo no PC3, e o Rodrigo ficando no PC4. Achei melhor pedalar pela madrugada pois a temperatura estava melhor que a do dia que diminuiria meu ritmo, dormimos apenas uns 45 minutos na Tenda do Naldo.

Desde do começo do brevet a subida de 8 km na Candelária era o principal desafio a ser superado, logo pela manhã do dia 19 estavamos eu, o Daniel, o Ivã e o Tim diante dela, passamos Candelária e ela estava lá! Encarei com todo respeito que ela deve ter, difícil é tomar água quando se está subindo! Mas foi superado chegando ao PC5 completando 466km do Giro.

Era chegado o calor do dia 19 de outubro e este foi mais forte que o do dia anterior, entre o PC5 e o PC6 de Cruz Alta só tem um restaurante que é um misto de rodoviária e lanchonete em Estrela Velha e foi lá que almoçamos, depois.... mais nada... nem uma sombra de árvore, as raras que encontrávamos parávamos para descansar e escapar um pouco do forte calor. Depois de um longo tempo finalmente chegamos em Cruz Alta por volta das 19 horas e lá dormimos umas 6 horas. FALTAVAM 400KM... pouco pelo muito que percorremos.

Saindo de madrugada de Cruz Alta continuamos o giro, coloquei uma capa de gel no selim para agüentar o restante do desafio e fomos rumo ao próximo PC passando Ibirubá, Selbach, Tapera e finalmente Espumoso onde alcançamos logo pela manhã, entre Cruz Alta e Espumoso parece que todos os randonneurs estavam nestes arredores. No PC07 encontrei a Simone e Alexander RANDONNEURS 5000 medalha dada ao ciclista que alcançar determinados desafios, até a prova eram 5 ciclistas no Brasil que tinham este titulo. Mas continuamos firmes, fortes e empolgados afinal finalmente estávamos voltando para Porto Alegre, éramos eu o Daniel e o Ivã.

Subidas até Soledade, também teve muito trabalho de equipe entre nós 3, ficamos revezando até chegarmos a próxima cidade. Quase chegando ao PC8, grandes descidas e espetaculares subidas!! Daniel, Ivã, Rodrigo e Saul subindo como se fosse o quintal da casa deles eu e o Tim tentando acompanhar. Era como se jogássemos fora de casa, e com certeza estávamos um pouco longe de casa. Nós almoçamos no PC8, todos empolgados pois faltavam um pouco mais de 200km. Para quem havia pedalado 800km mais um pouquinho não é problema, além do que estava ansioso para agora aproveitar a super descida de Santa Cruz com seus 9km de... finalmente descida, espetacular, a bicicleta vai no limite!!

Depois da descida estávamos nos aproximando de Santa Cruz do Sul, cabe destacar os acostamentos que não são os melhores para se pedalar e quando se aproxima de uma cidade ele fica rugoso, horrível de pedalar. Nós rumando para o PC8, um pouco antes mais uma grande subida, desta parte em diante segui o meu ritmo, mesmo chegando um pouco atrasado em relação aos outros.

A contagem era regressiva faltavam 150km e pedalamos que nem loucos até o famoso Pesque Pague Panorama onde conhecia por fotos, jantamos e logo partimos para os 100kms finais. Nesta parte também acabei indo em meu ritmo, o que me auxiliava era minha cadencia e minha respiração, sempre pedalei sozinho, não estava me adaptando pedalar em grupo e acabava até atrapalhando o pessoal. Acabou que no ultimo PC antes de Porto Alegre chegamos juntos. Faltava 53km.

No posto comprei 4 Charges(chocolates que eu gosto de comer em minhas pedaladas) e 3 energéticos os mais baratos são os mais fortes. Esta mistura mais minha vontade de chegar foram minha gasolina para chegar voando a Porto Alegre junto com o Daniel, Ivã, Rodrigo, Saul e Tim! Completamos o Giro do Chimarrão, agora era só festa! Pois além do Giro conquistei o Randonneur 5000 para o Estado Paraná, assim como o Tim para o pessoal do Planalto.

Quero deixar meu agradecimentos a todo o pessoal do Clube Sociedade Audax, a todos os ciclistas que toparam o desafio de pedalar 1000km, pois são todos loucos!! Em especial aos amigos dos quilômetros percorridos Daniel, Ivã, Saul e Rodrigo. E também a um cara que é um exemplo de carisma e amizade e grande ciclista Randonneur, o TIM. Um brevet com tamanha distancia nunca se completa sozinho, nunca você consegue por suas próprias forças, você sempre vai depender dos voluntários que ficam atrás de nós procurando-nos nas estradas, as vezes mais de 24 horas acordados. Os companheiros ciclistas acima citados cada um com seu estilo, sua garra, sua raça e vontade de vencer, todos estes ingredientes se misturam com minhas espectativas e vontade de superar e juntos e unidos conseguimos completar cada quilometro de um brevet randoneé. Enfim nunca será uma competição e sim uma cooperação.

Dedico esta vitória a pessoa que sempre está ao meu lado Cati Sensi, que me incentiva em minhas loucuras. Ao pessoal da Portela Bikes de Curitiba em especial ao mecânico Itamar que deixa a “Veloca”voando para todos as loucuras AUDAX/RANDONNEUR que topo enfrentar!!


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5 Responses to “Giro do Chimarrão II - Relato do Rodyer ”

João Paulo disse...
5 de novembro de 2012 às 04:08

E lá se vão mais 1000!
E aí surge mais um R5000!
Parabéns guri!


tim disse...
5 de novembro de 2012 às 05:49

Grande Rodyer, parabéns pela conquista dos 5000k e pelo relato.
Foi um enorme prazer pedala com vocês, e agradeço a oportunidade... Grande abraço!!!


ninki disse...
5 de novembro de 2012 às 07:25

Parabéns aos dois!! Pelo Giro e pelo 5000! Vocês merecem!!
Tim aguardando o teu relato!!

abraços, ninki


Rodyer Cruz disse...
7 de novembro de 2012 às 05:21

Valeu a todos!!! E vamos em frente que 2013 tem mais!!


Antonio (Tonheca) disse...
2 de dezembro de 2013 às 13:41

Olá moçadinha, comecei a pedalar tem alguns anos, gosto de terra, mas após participar de um desafio rural de 160km conheci a história do Audax, Completei os meus primeiros 200km no último dia 23 e estou me preparando para os 300km, lendo este relato me fortalece para a série toda.
Grato
Antonio -Salesópolis-SP.


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