5 de nov. de 2012
Giro do Chimarrão II - Relato do Rafael Dias
Pense em pedalar 1000km.
Pensou?
Entre os dias 18 e 21 de outubro participei do Giro do Chimarrão II, organizado pela Sociedade Audax de Ciclismo de Porto Alegre.
Já sabia que ocorreria este evento desde que saiu o calendário após o Paris-Brest-Paris 2011. Na ocasião do lançamento do calendário já havia decidido que não iria participar.
No final de tudo, assim que terminei o brevet de 300km de Holambra acabei decidindo ir para Porto Alegre em Outubro.
O ano foi passando, participei dos brevets de 400 e 600km da Lapa e notei que estava bão para participar do Giro quando concluí o brevet de 600km de Boituva.
Me inscrevi, meio que com o pé atrás, e no dia 17 estava embarcando para Porto Alegre.
A viagem para PoA foi tranquila. Saí do cafofo de São Miguel Paulista, fui pedalando para o aeroporto de Cumbica, tirei os pedais da bicicleta, murchei os pneus, alinhei o guidão e entreguei a mesma no guichê da TAM. Eu recomendo ir por ela sempre que possível.
Cheguei em Porto Alegre, só coloquei os pedais, enchi os pneus e zarpei para procurar uma estadia. Acabei ficando em um hotel a menos de 1km de distância do DC Navegantes.
Dormi o sonho dos randonneiros antes de um brevet desconhecido.
No dia 18 acordei cedo, tomei café com a peãozada e fui para o DC Navegantes. Chegando lá conversei um pouco com um pessoal que conhecia de outros carnavais. Também peguei o kit com a placa para fixar na bike, alguns vales (que acabei não usando) e sei lá mais o quê. Este era o momento que poderíamos deixar alguma coisa com a organização para que eles levassem para algum PC e que eu pudesse usar no futuro. Como a minha organização é zero, acabei escolhendo não deixar nada.
Não tenho muita certeza, mas haviam ciclistas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília. Acho que haviam representantes de todos os estados onde o randonneuring é praticado.
PS: também, não havia nada interessante na minha mochila que pudesse ser utilizado.
Esperamos esperando o brieffing e a largada.
Britanicamente às 9:00 largamos.
Fomos escoltados até a saída da BR-116. Assim que entramos na BR-116 os grupos começaram a se formar e o pessoal a impor o ritmo da pedalada. Eu, como não sou bobo (só um pouco) acabei entrando no ritmo de festa controlado pelas moedas que ficam no bolso do meu shorts.
Logo passei pelo Claudemir Sperandio concertando o pneu...
Continuei, peguei a BR-290 e fui embora no ritmo de festa que balança o coração.
Chegando em Eldorado do Sul passei por uma uma barraca na beira da estrada que vendia melancia gelada. Como estava um pouco quente acabei parando e mandei metade de uma melancia para o peito. Neste momento apareceu a primeira pessoa me perguntando para onde ia aquele monte de ciclista. Como eu não estava uniformizado com as roupas de ciclista, me limitei a dizer que eu estava passeando e que o pessoal estava passando que nem foguete, mas grudei na rabeta de um e ouvi dizer que estavam dando uma voltinha pelo Rio Grande.
E assim foi...
Continuei o pedal em direção à Pantano Grande. Ao passar por butiá inventei de não parar, mesmo vendo um restaurante na beira da estrada. Coisa que me arrependi depois, pois entre butiá em pantano grande não há uma viva'lma na estrada.
Cheguei em Pantano Grande lá pelas 14:30. O PC era em um posto chamado Raabelândia. Lugar muito bom e com a estrutura excelente. Parei para almoçar, fiquei um pouco de papo com o pessoal de Franca e lá pelas 15:30 zarpei. Seriam mais 89km em direção ao sul.
Novamente, fui em ritmo de festa.
Várias subidas e algumas descidas. Parei no único posto no meio do caminho, que era um PA. Tomei um café, uma coca-cola, comi um bolinho e parti para a venda do seu Darci, em Encruzilhada do Sul. Com muito vento contra, acabei chegando lá às 20:00. Tomei uma sopinha, coloquei o colete na cachola, coloquei papel higiênico na manga da camisa (pois estava fazendo um friozinho bão), fechei os buracos do capacete com papel e folhas e parti para Pântano Grande, com direito a uma paradinha safada para dar uma cochilada no posto de apoio no meio do caminho. Acho que dormi mais ou menos uma hora.
Quando me aprontei para ir embora, acabei acompanhando o Gilson para Pantano.
No meio do caminho nos ajuntamos ao Cesar e Samira e seguimos em direção ao próximo PC. Agora muito mais fácil pois o percurso era predominantemente de descida. Chegamos em Pantano Grande perto das 3:00. Tratei de tomar um café, dormir meia hora e esperar o Gilson para zarpar.
Acabamos saindo perto das 4:00. O caminho para o Hotel Clio, em Cachoeira do Sul, era tranquilo. Seguimos pela BR-290, sem vento, até chegar na rotatória de Cachoeira do Sul e depois, seguimos pela RS-153 até chegar no pórtico da cidade e no Hotel. Lá chegamos, demos uma pausa, tomamos água de côco e já tratamos de partir em direção à Candelária.
O trajeto para Candelária não apresenta muitas surpresas. Bem plano e o vento era lateral. O único problema foi pegar a RS-287 e ficar refém daquele acostamento horrível e de ficar desviando dos caminhoes na pista. Agora eu entendi porque o pessoal do Sul usa o espelhinho no capacete.
Paramos para almoçar em Candelária, descansamos um pouco e partimos para enfrentar a serrinha de candelária. Me fez lembrar um pouco a subida da Serra de Campos, mas acho que pelo sol, não consegui subir ela inteira pedalando... No meio do caminho tive que parar para tomar uma água, dar uma descansada e acabei empurrando a bicicleta uns dois quilometros morro acima só para dar uma desopilada.
Só para constar, foi nesta subida que uma boa parte dos desistentes desistiram....
Após a subida, um belo de um tubogã até chegar no PC em Passa Sete. Lá almocei novamente, dei uma relaxada. Depois de um tempinho parti com o Gilson, um rapaz de Teutônia e o Rovilson, de Curitiba. Assim que saímos do PC, uma bela sequencia de descidas, seguidos de muitos trechos planos ou falso-planos. Deu para tentar compensar o tempo perdido na subida de candelária e no acostamento da RS-287. Paramos em Estrela Velha para comer uma pizza e ficar contando estórias para a dona da pizzaria. Acabei dormindo enquanto a pizza não vinha.
Assim que acabamos de comer, partimos. No meio do caminho para Cruz Alta o Rovilson acabou seguindo um ritmo mais forte. Seguimos eu e o Gilson. Logo encontramos o Claudio Guilherme, do rio de janeiro, e depois a Vanessa e o Carlos Batata, de Franca. Estávamos alucinados e fomos que nem vacas loucas, com direito a uma dormida no meio do caminho para dar aquela revitalizada (pena que o acostamento era estreito e os carros passavam um pouco perto demais, Claudio que o diga... ). Logo estávamos na rotatória de acesso à Cruz Alta. Seguimos em direção à cidade e logo estávamos no PC.
Dormi mais do que esperava. Acho que coloquei o despertador para tocar em 45 minutos mas acabei perdendo a hora... Só acordei depois que o Cezar me deu um cutucão. Ele disse que estava difícil de me acordar.
Seguimos pela RS-223 em direção à Ibirubá/Tapera. No meio do caminho, outra dormida de meia hora... Este percurso também é bem plano e, por isso, foi possivel desenvolver uma velocidade "boa". Cheguei no PC de espumoso atrasado meia hora. Só tive tempo de tomar um café, fazer uma arte barroca, comer alguma coisa que a organização ofereceu e zarpar. Acabei seguindo sozinho, hora com a companhia do Cezar, hora com a do Claudio Guilherme, mas basicamente só. Fez um calorão... nenhum boteco e nem nada aberto na estrada. Quando havia alguma casa estava fechada ou era longe. Parei em um boteco para tomar um guaraná e comer um torresmo a uns 15km de soledade. Em soledade decidi não entrar na cidade para ganhar um pouco de tempo (afinal, para quê passar na cidade se o PC está à 60km? Ledo engano...). Não havia nada aberto e acabei parando, com o Claudio, em um bar em Barros Cassal. Matamos dois litros de refri e partimos. Logo depois passamos por um restaurante na beira da estrada, onde almoçamos, e seguimos para o PC de Sinimbu. Entre o restaurante e o PC haviam algumas subidas consideravelmente fortes, ou será que eu estava cansado e não estava dando conta? Só sei que foi "trampo grande"!
Chegamos no PC um pouco cansados. Tratei de comer um macarrão e feijão, tomei um suco e já me preparava para sair. Esperei o Claudio e seguimos. Parei em um bar antes da descida da serra para fazer outra arte barroca e tomar uma água geladinha.
Partimos para a descida. Acionei a suspensão e parti para o abraço.
Logo ela acabou....
Continuamos o pedal atravessando Vera Cruz e chegando na RS-287 com o seu acostamento horroroso. Antes de chegar no PC do Hotel Turis, uma bela de uma chuva na cachola, o que me deixou mal humorado.
Cheguei no PC ensopado, não iria dar para dormir pois estava com frio e decidi continuar. Tomei uma sopa no posto de gasolina e me aprontava para sair quando o voluntário Tiago me emprestou o seu annorak. Acabei aceitando e saí junto com Cezar e Claudio em direção ao último trecho do pedal. Acabamos tomando outra chova no meio do caminho para chegar em Vale verde, eu estava com problemas com o annorak e acabamos parando em um posto de gasolina fechado para dar uma dormida e ver se a chuva passava. Acho que dormimos mais ou menos uma hora.
Acordei com o joelho doendo (frio) e seguimos em direção ao posto de apoio com sopinha e tudo um pouco depois de vale verde. Não chovia mais e a noite estava agradável. Acabamos andando bem e chegamos no PA, tomamos uma sopa, descansamos um pouco e partimos em direção à charqueadas. Eu estava bêbado de sono. Parti na frente, meio que cambaleando. Logo estava pedalando sozinho, e mantive o ritmo, horapedalando em pé, hora gritando para ver se o sono passava. Em General Câmara os dois me alcançaram e paramos em um posto de gasolina para dormir meia hora. Seguimos e logo estávamos cruzando o rio Guaíba e chegando em Charqueadas. Paramos no PC, tomamos alguma coisa quente e partimos.
O pessoal foi na frente e eu fui só administrando.
Logo chegamos na BR-290, neste momento todo mundo ficou empolgado e correram. Continuei no mesmo ritmo de sempre.
Sem muito esforço estava na região metropolitana e logo batia às portas do Shopping DC Navegantes.
Pedalzinho de 1000km completados em um pouco mais de 73 horas, acho que está bom para um principiante.
Tags: Giro do Chimarrão , relatos , serie 2012








2 Responses to “Giro do Chimarrão II - Relato do Rafael Dias”
5 de novembro de 2012 às 04:07
Principiante?
Ah, para vai... rs
Parabéns piá!
Mais milzinho na conta da lenda!
5 de novembro de 2012 às 05:16
Para quem nunca havia passado de 600km acho que 1000 é novidade.
Daí que veio o "principiante".
:)
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