28 de out. de 2012

Giro do Chimarrão II - Relato do Claudemir Sperandio

Bom, estava ansioso em fazer este Brevet de 1000 km por dois motivos primordiais, terminar minha meta que tracei no começo deste ano e conhecer o Rio Grande do Sul, um estado que sempre me chamou a atenção pela sua cultura e costumes. Este ano minha meta era completar a série em vários estados do país, tornando os Brevets em passeios turísticos pedalando.

Fiz o 200 km em Rio das Ostras, organização muito competente e região muito bela. Os 300 Km fiz em Florianópolis, também não conhecia Santa Catarina, a ilha me surpreendeu quanto à sua beleza e o estado na região litorânea é muito industrializado e turístico.

O 400km e o 600km fiz em São Paulo, altimetria pesada, muitas cidades de grande porte próximas, também muita infra estrutura em postos e pontos de alimentação a qualquer hora do dia e da noite.



Enfim chegou a hora dos 1000zinhos, coisa leve...hehehehe, admito que fui surpreendido em alguns trechos pela falta de sinalização das rodovias (deveria ter estudado mais o trajeto admito), já no 14km da largada bati o pneu dianteiro em uma "tartaruga" de sinalização e cortou minha câmara de ar, quando estava consertando o pneu percebi que todos tinham me passado.

Na tentativa de chegar junto com a turma no PC1 "soquei a bota", de cabeça baixa e média alta , não percebi que tinha que entrar ás direita no km18 e passei direto chegando à cidade de Guaíba. Bom, lá se foram 22 km a mais...chegando em Raabelândia verifiquei que todos estavam de saída para a venda do Sr. Dário, minha estratégia era dormir na Raabelândia no Pc 3.

Com o passar das horas a noite foi chegando e esfriando, fiquei um pouco assustado com a quantidade de caminhões de containers. No Pc 2 me vesti para encarar o frio tomei uma sopa quente e parti para o posto Frank (meu ponto de janta), encontrei meus novos amigos de Teutônia desanimados e com intenção de parar, aconselhei a turma que fosse até Raabelândia dormissem 1:30hs e depois decidissem se continuariam ou não.

Cheguei no pc3 2h12m fui para pousada e dormi até às 4:00hs, à noite não estava mais tão fria e com o surgir do sol ficou uma pedalada muito gostosa, curti a paisagem e sem perceber já estava no Pc 4 às 8:20h.

 Saí do Pc em companhia do Cézar do Rio de Janeiro, e paramos para almoçar às 11:00hs em Candelária, agora só faltava a temida subida da serra de 6,5km com forte elevação, para ajudar era próximo das 14:00h e o sol estava de derreter o asfalto, eu tinha a esperança de ter sombras na subida o que acabou não acontecendo, subimos uma parte à pé e a água de todos acabou no meio da subida, caminhei com o Sr. Marciano (mais um amigo inesquecível), descansamos quando encontrávamos pequenos pontos de sombras e por fim pedimos água para moradores na beira da estrada. Passando este "perrengue" da serra cheguei no Pc 5 às 15:25h.

 Até Cruz Alta o trecho foi muito pesado, cheguei no hotel esgotado às 23:47h, banho tomado e deitei um pouco, minha meta era sair as 2:00h, mas não contava com o pneu furado, trocado a câmara saímos eu o Cézar e o Rafael às 3h, a pedalada foi com uma média baixa devido ser noite e a estrada esburacada, quando amanheceu percebi que pelo horário iria chegar ao Pc após ele ter fechado, "soquei a bota" porém a altimetria não ajudou, cheguei no trevo para Espumoso faltando 10km para o Pc e 35min de tempo restante, neste momento toda a canseira sumiu, pedalei com força total e consegui chegar no Pc 7 faltando 9 min para fechar, uhuuu! Valeu.

O trecho de Espumoso até o Restaurante do Carlão foi de sol muito quente, e para piorar não se via casas nas redondezas, passei sede, tive medo de desidratar, cheguei a pensar em desistir para minha segurança, mas faltando 9 km para o Restaurante encontrei uma casa do Sr. Gerson que me serviu água geladinha.

Depois do almoço cheguei ao Pc 8 às 15:55h, após muitas subidas cheguei a descida da serra, cara! Muita adrenalina e lindo parecia que eu estava em queda livre, e no decorrer da descida iam surgindo paredões “monstros” inesquecíveis.

Quando fiz o contorno para Santa Cruz do Sul pedalei uns 9 km de pura tensão e medo, estava escuro e não tinha como pedalar no acostamento, fui obrigado a dividir o pista com carros, motos e caminhões, fui muito xingado pelos motoristas (que por sinal não tiro a razão, afinal tinha um maluco na rodovia com uma bike no escuro e apenas uma lanterninha vermelha acesa atrás) cheguei no Pc 9 às 20:00h, logo em seguida choveu.

Dormi no hotel e saí às 24:00h com chuva ainda, pedalada devagar e quando peguei a rodovia para o Vale Verde fiquei com medo de estar errado, no trecho quase não havia sinalização, em Vale Verde entrei na cidade por engano, retornei e consegui pegar a rodovia para o Pesqueiro, minha média não melhorou, o trecho era com acostamento ruim e pista com muitos buracos, como era noite tive que pedalar devagar para não danificar as rodas.

Comi uma massa maravilhosa no pesqueiro e parti para o Pc 10, cheguei em Charqueadas às 6:30h, estava zonzo e escurecendo as vistas, por uns momentos achei que desmaiaria, parei num posto, "empurrei" goela abaixo algumas bolachas de água e sal, descansei um pouco e fui pedalar os 3km que faltavam para chegar ao Pc 10. No Pc 10 eu estava muito ruim, a pressão abaixou tive que ficar deitado por um longo período e comi salgadinhos com muito sódio, estava com medo de não terminar a prova, saí pedalando devagar juntamente com o Rafael, parei antes do pedágio para comer o lanche que foi fornecido no Pc, melhorei consegui melhorar a média, tinha ânsia de vômito, fui controlando a pedalada.

Faltando 12km para chegar tive que parar num posto, tomei um sorvete, meu estômago doía muito e comer algo gelado alivia a dor. Enfim DC Navegantes, achei que nunca chegaria, a alegria de ter chegado superou as dores, venci meus limites.

Eu poderia estar agradecendo muitas pessoas mas no momento só vou relatar duas: minha mulher (me ajudou por telefone quando tinha dúvidas e não tinha mais o mapa da rota) e Deus por ter me dado forças.

Um destaque deste giro foi a hospitalidade dos moradores do Rio Grande do Sul, sempre prontos a ajudarem, em todos os lugares fui bem acolhido.

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2 Responses to “Giro do Chimarrão II - Relato do Claudemir Sperandio”

Karla Leal disse...
28 de outubro de 2012 às 16:53

Muito legal ler esses relatos de experiência. Ficamos aqui imaginando e lembrando de quantas dificuldades superadas e que nofinal das contas tudo a vale a pena.


Cezar Audax disse...
31 de outubro de 2012 às 05:30

Vlw Claudemir pela Força e Coragem de enfrentar esse tão longo desafio,gostei muito de ter girado com vc alguns trechos da estrada. Te aguardo aqui no Urbano do Rio. Parabens pelo Relato.
Abraço.
Cezar Barbosa


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