25 de mar. de 2014

Relato da Voluntária da SAC - BRM 200km - Maximilia S. de Paula

BRM 200km Rota do Sol Voluntários da Sociedade Audax de Ciclismo
Ser voluntário para qualquer tipo de atividade social é saber que dedica-se tempo, e isso tem que ser consciente. Trabalhar enquanto as outras pessoas se divertem isso é voluntariado é doação, e tem que ser espontâneo para não perder o sentido e a empolgação pela atividade em si. Quando decidimos sermos voluntários da SAC, digo isso por mim e pelo Dieter, sabíamos que não estaríamos pedalando sempre durante os eventos junto com a festa que é um BRM. Pois bem, neste BRM 200km, fizemos nossa inscrição junto com o amigo Flávio,  mas na semana que antecedeu o evento mudamos os planos porque a organização da prova estava realmente necessitando de motoristas, por isso nos dividimos Dieter pedalou no dia oficial do BRM, porque havia se comprometido em pedalar e eu fui voluntária. Pois bem, acompanhei a prova observei a rota, a vista na serra, tinha ciência das dificuldades dos ciclistas que participaram. Eu já havia descido a serra pedalando, mas não havia enfrentado o monstro da subida, e também quando pedalamos na rota do sol o contra-vento já era nosso conhecido.

A largada do BRM 200km voluntários foi à noite, iniciamos o pedal todos juntos na estrada do mar, inicio do pedal com a lua nascendo e iluminando o oceano. A estrada do mar estava vazia, todos pedalando juntos num ritmo cadenciado, ao entrar na rota do sol o vento nos recepcionou e era contra.

Paramos no PA1, nos alimentamos, vestimos mais roupas, luvas, balaclava e seguimos rumo a serra. Estávamos aquecendo mantendo um bom ritmo e todos juntos, era uma mistura de luzes, coletes refletindo e as músicas nas bicicletas o clima estava bem bacana.
A Serra foi chegando e fomos encarando, aos poucos os ritmos foram ficando mais definidos, o grupo se dividiu, uns mais a frente outros mais atrás era bonito de ver lomba, curvas e luzinhas piscantes e a temível subida ficava escondida vez que outra a gente se dava conta porque no escuro a subida é menor (rsrsrsrs).

Pedalei um bom tempo com o pessoal da frente Marga e Maurício, depois eles se foram, aí minha companhia foi o Ricardo e o Sílvio, aos poucos perdi esses companheiros de vista e ficamos na retaguarda o Tiago a Romi e o Leandro, e eu.
Quando a lomba começou a cansar veio o PC1 lá estava nosso anjo da guarda nos servindo uma massinha quente e coca –cola, quase não sentia vontade de comer, só queria ficar parada, mas forcei e comi tudo o que estava servido, e saí o mais rápido que pude.
E a noite, o frio, o sono e as dores na minha lombar devido a um mau jeito no sábado pela manhã, vieram com tudo eu quase não acreditava que queria tanto fazer a prova e estava com dores, por que naquele dia??? E as questões psicológicas negativas e positivas brigando dentro de mim. Lá pelas 4h da manhã estava no silêncio da noite aquela lua prata iluminando nosso caminho, eu ali me esforçando para conseguir pedalar com o Tiago e não dava. Então tive uma brilhante idéia avisei a ele que eu iria desistir que era para ele ir pedalando sozinho para não ficar atrasado por minha causa. Sabe o que ele respondeu? ”Não vou te deixar na estrada sozinha”; Murchei, eu estava atrapalhando o pedal dele, eu não o acompanhava e estava me matando para tentar não demorar tanto; pensei mais um pouco e seguia pedalando, parando empurrando e o Tiago junto mantendo a moral lá em cima, aumentava o som, cantarolava! Paramos no primeiro túnel para uma foto, e eu pensando o que faço? Outra brilhante idéia Tiago vou chamar o Dieter vou desistir mesmo, e ele falando “vamos a serra já esta acabando”, mas celular não tinha sinal, acionei o Spot no socorro para o Dieter me buscar, era o combinado se eu não tivesse sinal de celular e precisasse de resgate, mas o Dieter não foi me buscar. Fomos pedalando subindo, e naquele ritmo devagar quase parando e o sono aumentando, até que vimos o carro do Dieter parado falei pro Tiago vai não perde mais tempo eu vou ficar, estou bem boa sorte.

Ele subiu na bicicleta e se foi. E eu também me fui lomba acima sem ele ver, e a Romi e o Leandro pararam e quando eu sai eles saíram estavamos distantes uns 200m mas dava para vê-los, mais calma sem estragar o ritmo do Tiago e eu no meu andar. Que felicidade ler a placa final da 3ª pista, chegar ao final da serra ver de um lado da pista o Dieter fechando a prova zelando por nós, já que eu era a última dos 8 ciclistas, e todos que já haviam subido estavam ali esperando por mim. Falei rapidinho Tiago desculpa eu tive que te dizer que ia desistir para não atrapalhar, e ouvi do Silvio não vai desistir já subiu tudo deixa para pensar nisso no Arca (km 102). Reagrupados seguimos viajem naquela montanha russa sobeeeee desceeee, paramos novamente no PA2 comi uma barrinha de cereal e saí os outros vieram depois. Pois eu estava muito lenta então não podia parar como eles.

E o dia começou a nascer, o sol foi aparecendo e o frio foi nos congelando. O Sol não saia de trás das nuvens tudo branco ao redor do orvalho congelado, a névoa evaporando e a gente ali pedalando rumo Cambará. Nesse trecho eu estava cansada, mas já tinha refeito minhas idéias, o grupo sempre no visual o Maurício conversando animado comigo, paramos e todo mundo ficou rindo porque minha balaclava estava branca de gelo! Sobe e desce quase interminável, Cambará é longe (risos). Primeira placa do Arca a vista, eu tinha contado quando passei de carro são 4. Então chegamos juntos no PC2. Ufa metade do percurso vencido. Troquei rapidinho as roupas molhadas, comi o mais delicioso macarrão com molho branco que podíamos sonhar no café da manhã, e um café bem quente e bem forte, tudo preparado na varanda do restaurante pelo Dieter, que além de nos acompanhar como voluntário controlar os PCs ainda cozinhava para nós, e ainda teve tempo de fotografar. Sol forte brilhando, frio intenso e saí primeiro que todos, afinal eu havia perdido muito tempo na serra, foi tão bom a estrada só minha visual sensacional tudo tinha mudado em menos de 7h de pedal eu e minha bicicleta. Não demorou ouvi a voz do Tiago que bom, pedalamos um pouco juntos e ele se foi, pedalando brincando, logo chegaram os outros Silvio, Marga, Mauricio, Romi, Leandro e Ricardo e fomos até a rótula onde terminava a RS 020 e sem parar seguimos para o PA. Parada básica, definitivamente o pedal estava um passeio, alegre com amigos curtindo o visual.

Nesse andamento da prova não tinha condições de forçar velocidade, fomos administrando e curtindo, mas nada de paradas. Após o PC3 agrupamos e decidimos descer juntos para maior segurança. Foi uma descida emocionante quando entrei no primeiro túnel aproveitei para chorar só um pouquinho, foi de emoção, foi de acreditar que eu tinha subido aquele trecho que estava voltando e que a prova podia acabar ali que estava tudo bem. Foi mesmo emocionante descer aquelas curvas todas. Vou voltar lá quero tudo outra vez. Mas daí chegando ao pé da serra adivinha quem estava nos esperando? O contra vento, e daí foi encarar e seguir, pois tivemos vento lateral de sul e na estrada do mar ele só ficou mais na cara, nesse trecho os mais rápidos passaram e ficamos Ricardo, Marga e eu. Cada paradinha no acostamento para esticar sem descer da bike a Marga me falava se tu quiser parar eu paro contigo, eu não respondi nenhuma vez a ela, eu só subia na bicicleta e ela vinha atrás e foi assim até chegar em Terra de Areia onde eu vi um caminhão de abacaxi, paramos perguntei quanto custava o senhor falou o preço e eu disse me dá 8. Tudo bem descascou dois comemos, o Ricardo também parou demos 1 para ele. E aquele senhor me entregou os outros 5, na pressa dei 3 para a Marga carregar e peguei dois ela ficou me olhando com uma cara de quem não entendeu nada. E saímos, assim focadas para pedalar, no caminho começamos a rir muito, tudo que precisávamos era levar abacaxis nas bicicletas. E assim foi que completei o mais belo, difícil, desafiador, emocionante e feliz BRM 200km. Obrigado aos companheiros e amigos que pedalaram comigo, com certeza os laços de amizade sob o esforço ficam selados pela cumplicidade dos momentos vividos. Dieter obrigada por repetir para todos que não tinha lugar no carro, assim todos nós pedalamos até a chegada, você sempre sabe o que dizer e me conhece muito bem, eu desconheço meus limites você confia sempre que eu posso. Faria tudo novamente, acho que pensaria mais sobre comprar os abacaxis, ou não. 

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1 Responses to “Relato da Voluntária da SAC - BRM 200km - Maximilia S. de Paula”

Crazy Biker disse...
26 de março de 2014 às 02:42

Muito show o relato, parabéns.
Eleonésio


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