13 de nov. de 2013
Dióle e Clausiane - Relato BRM 200
13 de nov. de 2013 by Sociedade Audax de Ciclismo
Relato BRM 200km - Série 2014 - Sociedade Audax de Ciclismo - 10 nov 2013 – São Leopoldo
Antes de tudo...apenas um 3x4: Uma vez li em um livro do Amir Klink que “pior que nunca terminar uma viagem é nunca partir”. Klink é literalmente um mestre!!! Meu nome é Dióli Sczmanski, tenho 31 anos, em meados de 2007 residia em Ijuí – RS e cursava Educação Física na Unijuí. Enquanto nosso município era tomado por bikers e o “espirito Audax” começava a aflorar, eu rasgava a cidade com uma Caloi 10 no intuito de locomover-me entre 3 locais de trabalho onde exercia o trabalho de Educador Físico. Nas idas e vindas, deparava me com pelotões partindo e vislumbrava participar de um Audax. Em 2011, formado, ingressei no Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Sai de Ijuí. Deixei minha família e parti atrás de meus sonhos profissionais. Prometi que após conseguir estabilidade profissional retornaria aos pedais. Em 2013, passei a residir em Saudades – SC, vale da Hospitalidade, uma aconchegante cidade no oeste catarinense repleta de subidas e descidas. Conheci a Clau (minha namorada e agora Audaciosa), uma aficionada por corridas. Passadas firmes. Quieta, focada, determinada e metódica, além de um lindo par de olhos azuis!!! Adquirimos as bikes e vagarosamente amadurecemos a idéia de enfrentarmos os 200Km.
O INÍCIO DE NOSSA ODISSÉIA: Saudades – SC, 09 de Novembro de 2013, 06h40min. Após checar todo material inúmeras vezes, trocar várias mensagens com a Ninki no intuito de tirar dúvidas (regras, materiais, hotel, etc...) e certificarmos de que tudo estava em seu devido lugar. Partimos!!! Lembrei me do bom e velho Amir Klink!!! Seriam 533Km até DC Navegantes, após Hotel Confort Express em São Léo, descanso e pedal. Mas... ( AudaXiosos são os que enfrentam as adversidades). Nosso GPS não funcionava. Desatualização? Não sei!!! Só sei que foi assim!!! Pegamos a SC160 até Pinhalzinho, logo após a BR282 até a intersecção com a BR158. Logo após seguimos em direção ao bom e velho Rio Grande. Nossa viagem seguiu tranquila até a 386. Famosa pelos pedágios e retas infindáveis – coisas raras no Velho Oeste.
HÁ ALGUNS KM DE LUGAR NENHUM: Passamos Soledade – RS por volta das 10h40. Seguimos em direção a Fontoura Xavier. Em uma reta, velocidade tranquila, nosso carro parou! Perdeu potência! Sem cheiro, sem fumaça, sem sinais visíveis de algum problema maior, estacionei, liguei o alerta, desci e nada de arranque!!! Deixei a Clau com o mesmo em um local seguro (pátio de uma propriedade rural no acostamento) e segui 2Km até o posto mais próximo. No sol! Correndo!!! De calça Jeans!!! Como conseguir algo num sábado ao meio dia? Por algum momento pensei em desistir!!! No posto mais próximo consegui um Senhor que me levou até uma auto elétrica. Voltamos ao local onde estava o carro e NADA!!! Não era parte elétrica!!! Consegui outro contato na Vila Assis em Fontoura Xavier! Nome: TIAGO CARULA, segundo populares – confiável e habilitado para arrumar o carro. Conversamos com o Tiago. Tirei o mesmo da mesa de sua casa. Almoçando. Com filho de colo! O diálogo final: “Seguiremos de ônibus até São Léo! Voltaremos na Segunda pra pegar o carro pronto ao final da tarde!”. FAREMOS O AUDAX!!! Conseguimos um ônibus de Soledade a São Léo. Sairia as 15h30 de Soledade! No relógio: pouco mais de 14h. Removemos as bikes do nosso carro! Recolocamos no carro do Tiago e seguimos à Soledade! 25Km no contra fluxo de nosso itinerário normal! Conseguimos as 2 ultimas passagens!!! Acreditem!!! Poltronas 35 e 38. Mas... “ao retirar as bikes, notei que uma parte do engate rápido de uma roda estava incompleta!”. Teria sido esquecido dentro de nosso carro na pressa de mudar as bikes de carro?! Deixei as bikes com a Clau e voltei com o Tiago pra Fontoura Xavier! Muitas coisas passaram pela minha cabeça! Não seria um aviso divino dizendo: “Volte, não faça!”. Porque as coisas estariam dando erradas!? Seguimos! Chegamos novamente em Fontoura Xavier! Cheguei a nosso carro e NADA! Onde estaria a peça! Nosso problema já era de conhecimento local, curiosos vieram ajudar a procurar a tal peça sem mesmo saber o que era!!! Hehehe...triste, mas cômico! “ERA UMA MOLA E UM PARAFUSO!!! De cor Preta!”. Uma agulha em um palheiro! Literalmente! Um estacionamento gigante, de pedrisco, cheio de pessoas olhando pro chão. Nesse momento pensei nos treinos, na preparação, e refazendo o trajeto ACHEI!!! Não acreditei!!! Lado a lado. Mola e Parafuso! Agradeci emocionado a TODOS e partimos. Ganhei vários: BOA SORTE! CAPRICHEM! Cheguei em Soledade novamente e vi a Clau sentada com as bikes, cabisbaixa! Abatida! Agradeci de coração o Tiago! Mostrei as peças pra Clau, como se fossem um tesouro, ali mesmo almoçamos (um refrigerante e uma agua mineral) rsrsrs. E choramos também! Não posso esconder isso! Choramos Abraçados! As 15h30min partimos!!! Chegamos no Hotel Confort Express passado das 20h. Tentei falar com a Ninki, avisa lá da correria. Desci buscar 2 cachorro quente. Estávamos podres!!! Visivelmente!!! Cansados!!! Não dormimos quase nada! Acordamos as 4h, arrumamos tudo, e partimos pro Ginásio Municipal.
NA HORA H DO DIA D: “Chegou a Hora de Partir, pois se não formos, NINGUÉM irá por nós. Entre ficar e partir, fique sempre com a segunda opção. Sensações de deixar as CoxasBambas (Diário CoxaBambas). Na largada tínhamos uma certeza! Fariamos os 200Km. Se não fosse pedalando, seria correndo. Se não desse nas 13h30min, faríamos após, mas faríamos. Em Saudades – SC conversamos e chegamos ao consenso de pedalar conforme a possibilidade climática do dia e de MTBs. Troca de pneu não estava em nossos planos. Exageramos! Eu com pneu aro 26x2,10 e a Clau 26x1,95. Após verificar a possibilidade climática concluímos: “faríamos a primeira perna (100Km) mais forte. Fugindo do SOL a pico e da chuva anunciada para a volta. Largamos e achamos um grupo com pedal parecido com o nosso. Eram MTBs e pedalavam com médias entre 24/25Km/h. Até o Posto de Controle Secreto foi sossegado. Com os furões (que vergonha aquilo) perdemos nosso pelotão. Seguimos até o KM60 tranquilos, carimbamos, abastecemos garrafas de agua e partimos! Até o KM100 pedalamos quase SóS, havia uma lacuna entre pelotões, e exatamente ali, estávamos nós! Por inúmeras vezes pensamos: “Será que estamos no caminho certo!? Cadê o pessoal!? Achamos um pessoal de Gramado! Acho que pai e filho (bate papo rico como aprendizado). Que Fantástico! As cicatrizes do AUDAX só aumentavam! Logo a frente uma reclinável, pensei: “Será que é fácil pedalar nisso?! Rsrsrs Chegamos ao KM100, com alguns pingos de chuva! Almoçamos quase nada, nos hidratamos muito e partimos com chuva atrás de uma speed. Pouco depois ela abriu distância. Nesse momento pedalamos Eu e a Clau. Pensei em várias coisas: “família, amigos, sonhos malucos, voltei a pensar no carro, nos problemas pra voltar a SC”. Conclui: “problemas agora NÃO! Atrairia mais problemas, e minha coxa direita já anunciava isso! No KM125 speed’s passaram por nós. Pessoal de São Miguel do Oeste. Meu colega de Profissão Baiardi que antes reclamava do Joelho estava aparentemente bem, isso me deixou feliz. Seguiu com seu pelotão de speeds. Nós, seguimos firmes até o PC3. Último posto de controle antes da chegada. Carimbamos, nos hidratamos, comemos algumas bananas e repomos glicose. Essa parada mesmo que curta, trouxe a tona as câimbras, o cansaço da viagem e a chuva demonstrava se cada vez mais perto. Rodamos mais lento, centrados e sem perder tempo. Notei que a Clau estava firme. Pensei: “antes eu do que ela, não queria que ela sofresse no pedal 10% do que passou na viagem”. No trajeto, já com chuva (e que chuvaaaa) passamos por uma parada de ônibus. Um ciclista descansava deitado. Mais a frente pneus furados (foram muitos). Mais a frente uma cena bacana, pai e filho (deveria ter uns 13 anos) firmes e fortes. O audax transforma as pessoas, e comigo não foi diferente! Minhas câimbras aumentavam, aliviei o máximo, rodei muito só de esquerda, aproveitava as descidas pra alongar o máximo a musculatura. Por volta do KM185 alguém da organização passou e disse: “revezem o vácuo”. Era impossível, atrasaria o pedal da Clau. Eu estava em um pedal diferente do dela. Foi só quando a chuva apertou mesmo que uma força extra surgiu. Foi de lava a alma!!! Literalmente!!! Nos concentramos em um grupo grande e chegamos as 17h02min. Lembro me de ter pensado em SC: “na melhor das hipóteses faremos em 10h”. Bateu na trave o tempo, mas a experiência foi um golaço!!!
VC NÃO SABE O QUANTO EU PEDALEI, PRA CHEGAR ATÉ AQUI: Chegamos! Calados nos abraçamos e curtimos! Tem coisas que não precisam ser ditas! Um olhar vale muito! E o sorriso da Clau recebendo a medalha e certificado vão permanecer em minha memória! O AUDAX me deixou cicatrizes que nem a volta de Saturno conseguiu deixar. Existiam perguntas que ainda não estava preparado para responder. Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem? Quando foi a última vez que fizesse algo pela primeira vez? Pensem Nisso! Quem são as pessoas que mais nos valorizam de verdade? Quem amamos de verdade? Gostaria de agradecer primeiramente a Deus! A minha família, que mesmo longe, permanece perto. E que é o combustível fundamental nos momentos difíceis. Agradecer a NINKI e sua trupe. Que tocam o espetáculo com responsabilidade. Lidar com as diferenças não é fácil!!! Vocês estão de parabéns!!! Ninki: “tu me disse: tu vai adorar, vai fazer uma nova família”. Saibas que aqui no Oeste, na pequena e bela Saudades, existe uma casa modesta de portas abertas. E um casal de amigos de braços abertos também. Agradecer a todos que participaram do evento. Foi lindo mesmo!
Por fim, gostaria de agradecer a uma pessoa muito especial! Assim como o pedal, das habilidades que o mundo sabe, a que ele ainda faz melhor é dar voltas!!! E nessas voltas eu conheci minha namorada. Corredora exímia e agora AudaXiosa!!! Uma guerreira de fibra e moral! Amo te muito. MAS MUITO MESMO!!! Passamos bocados, mas estamos firmes e fortes. Feliz é aquele que tem o corpo saudável pra poder doer a vontade! Que venha o BRM 300!!! CicloAbraços a TODOS! Tags: BRM 200 , relatos , Série 2014
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1 Responses to “Dióle e Clausiane - Relato BRM 200”
17 de novembro de 2013 às 12:15
Quase sem palavras e chorando muito.DE EMOÇÃO após ler o relato acima.Como é bom ler alguma coisa que prende nossa atenção.Enquanto lia,imaginava as cenas,e no meu coração muita emoção em poder ver o quanto é guerreiro,determinado,humilde,generoso,humano esse jovem homem chamado Dióli Ismar Sczmanski e sua namorada Clausiane.Só posso dizer que fiz tudo certo,ou melhor,DEUS ME ESCOLHEU PARA SER A MÃE DESSE JOVEM HOMEM.MEU CORAÇÃO SEMPRE APERTADO,MAS ALIVIADO PORQUE SEI QUE MEU FILHO VIVE SEUS SONHOS COM TODA INTENSIDADE.É minha gente,esse meu garoto é especial,e mais especial quando junto de sua namorada companheira e tão louca por desafios quanto ele.OBRIGADO A TODOS VOCÊS QUE TRANSFORMARAM SONHO EM REALIDADE."Se eu,agora partisse,partiria feliz,pois sei que minha missão foi realizada com exito".Abraços para todos.
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