27 de mai. de 2013
BRM 300 km - Relato Helton Moraes
27 de mai. de 2013 by Sociedade Audax de Ciclismo
.... em homenagem ao Helton, a imagem do Erich, todo "proza" na chegada.
Relato, originalmente publicado pelo ciclista Helton de Moraes, no Grupo da SAC, no Facebook. Gostei muito e decidi publicar aqui no site, para compartilhar com todos.
Pensei em escrever um mini-relato, mas vai ser uma mini-"homenagem" a um ciclista que será para sempre, não tanto uma lição de vida, mas uma LIÇÃO DE AUDAX para mim, porque literalmente incorporou a forma Randoneira de pedalar (que nem sempre é igual a outras formas de pedalar), ao mostrar de forma elegante e definitiva que muitas vezes não é necessário ser veloz (ou O mais veloz) para ser rápido (ou O mais rápido):
Erich Brack, esse é galo!
Ao chegar no primeiro PC, fiz um lanche e tal, e quando eu já estava de saída ele recém tinha chegado;
No PC 2, onde fiquei uma hora inteira parado, pouco antes de eu sair ele recém estava chegando;
Ao começar a subida da serra, eu já estava empurrando a bicicleta, consultando a minha planilha, e pensando seriamente em desistir. Empurrei por muito tempo ainda, parei para comer e olhar a paisagem, e decidi que iria só até o PC do almoço.
Numa dessas paradas, veio vindo o Erich, e eu subi na bicicleta e acompanhei ele por um pedaço.
Aí veio o diálogo que continha a "lição de randoneirismo":
(eu) Cara, desculpa te fazer essa pergunta, mas TU AINDA PRETENDE terminar essa prova?
(ele) AH, A GENTE SEMPRE TENTA, NÉ!!
Aí eu pensei, não me envergonho de dizer (desculpa a franqueza, Erich) "bah, que véio trouxa, tanto sofrimento se É ÓBVIO que ele não vai conseguir..."
(mais uma vez, desculpa tanto a franqueza quanto a amargura, hehehe, não faço por mal).
O fato é que naquele momento eu já não consegui acompanhar o ritmo dele na subida, pois ele estava bem devagar mas eu ja estava quase me arrastando, de forma que parei para comer um salgadinho.
No ponto de almoço, quando eu cheguei ele estava na metade do almoço, e várias dezenas de minutos depois que eu já estava almoçando, tendo definitivamente desistido pois "era óbvio" que não tinha como, eu ainda via ele por lá, se ajeitando para prosseguir. A média geral naquele local e horário já seria de uns 14 por hora, e eu não achava que fosse possível continuar subindo e descendo até Garibaldi, depois até Farroupilha, e mesmo com a descida da serra depois ainda pegar mais de 50km de sobe e desce entre Bom Princípio e São Leopoldo...
Consegui uma carona com o Mauricio Berthold, acompanhado do Luis Hernani que também tinha desistido. No caminho, dando graças a Deus que não estávamos pedalando pelo Desvio Blauth, passamos pelo Erich, subindo muito lentamente uma lomba bem comprida...
Descemos do carro em Farroupilha e nos mandamos serra abaixo, de um jeito que a Ninki da Sac e o Walescko Chimendes sabem qual foi... Num ritmo firme, até forte para quem estava cansado e com sono, chegamos ao Posto Mais para fazer um lanche.
Pois enquanto terminávamos o lanche, por volta das seis da tarde (uma hora de prova ainda), a menos de 25km da chegada, PASSA O ERICH descendo a lomba bem devagarinho...
Ainda ficamos no posto mais um pouco, e eu consegui furar o pneu traseiro com um araço na saída, paralelepípedos malditos, mas troquei rapidamente a câmara e nos mandamos em alta velocidade para SL, para tomar uma mijada animal da Ninki e, principalmente, DESCOBRIR QUE O ERICH TINHA TERMINADO FALTANDO 14 MINUTOS AINDA!
Moral da história: nunca tire um tiozinho "pra picapau", mesmo que você seja jovem e teoricamente saudável e teoricamente bem treinado, etc, etc, etc, pois AUDAX NÃO É CORRIDA, correr mais pode não ser a melhor estratégia, e se, como dizem "Audax é X % psicológico" (sendo X qualquer valor entre 51 e 99), com certeza a PERSISTÊNCIA foi algo que ficou demonstrado como sendo um FATOR DETERMINANTE para pegar aquele brevet.
Independente de qualquer coisa, foi novamente uma aventura inesquecível, estou muito satisfeito com tudo, tanto da pedalada noturna, das companhias, da descida insana da serra de madrugada com neblina, do bom desempenho da ida, do teste da bike randoneira em condições reais de uso (aprovada!), e da tranquilidade que sobra depois que a gente desiste e começa a olhar a paisagem, comer bergamota e almoçar um excelente galeto com salada de batata, sem a menor pressa...
Erich Brack, esse é galo!
Ao chegar no primeiro PC, fiz um lanche e tal, e quando eu já estava de saída ele recém tinha chegado;
No PC 2, onde fiquei uma hora inteira parado, pouco antes de eu sair ele recém estava chegando;
Ao começar a subida da serra, eu já estava empurrando a bicicleta, consultando a minha planilha, e pensando seriamente em desistir. Empurrei por muito tempo ainda, parei para comer e olhar a paisagem, e decidi que iria só até o PC do almoço.
Numa dessas paradas, veio vindo o Erich, e eu subi na bicicleta e acompanhei ele por um pedaço.
Aí veio o diálogo que continha a "lição de randoneirismo":
(eu) Cara, desculpa te fazer essa pergunta, mas TU AINDA PRETENDE terminar essa prova?
(ele) AH, A GENTE SEMPRE TENTA, NÉ!!
Aí eu pensei, não me envergonho de dizer (desculpa a franqueza, Erich) "bah, que véio trouxa, tanto sofrimento se É ÓBVIO que ele não vai conseguir..."
(mais uma vez, desculpa tanto a franqueza quanto a amargura, hehehe, não faço por mal).
O fato é que naquele momento eu já não consegui acompanhar o ritmo dele na subida, pois ele estava bem devagar mas eu ja estava quase me arrastando, de forma que parei para comer um salgadinho.
No ponto de almoço, quando eu cheguei ele estava na metade do almoço, e várias dezenas de minutos depois que eu já estava almoçando, tendo definitivamente desistido pois "era óbvio" que não tinha como, eu ainda via ele por lá, se ajeitando para prosseguir. A média geral naquele local e horário já seria de uns 14 por hora, e eu não achava que fosse possível continuar subindo e descendo até Garibaldi, depois até Farroupilha, e mesmo com a descida da serra depois ainda pegar mais de 50km de sobe e desce entre Bom Princípio e São Leopoldo...
Consegui uma carona com o Mauricio Berthold, acompanhado do Luis Hernani que também tinha desistido. No caminho, dando graças a Deus que não estávamos pedalando pelo Desvio Blauth, passamos pelo Erich, subindo muito lentamente uma lomba bem comprida...
Descemos do carro em Farroupilha e nos mandamos serra abaixo, de um jeito que a Ninki da Sac e o Walescko Chimendes sabem qual foi... Num ritmo firme, até forte para quem estava cansado e com sono, chegamos ao Posto Mais para fazer um lanche.
Pois enquanto terminávamos o lanche, por volta das seis da tarde (uma hora de prova ainda), a menos de 25km da chegada, PASSA O ERICH descendo a lomba bem devagarinho...
Ainda ficamos no posto mais um pouco, e eu consegui furar o pneu traseiro com um araço na saída, paralelepípedos malditos, mas troquei rapidamente a câmara e nos mandamos em alta velocidade para SL, para tomar uma mijada animal da Ninki e, principalmente, DESCOBRIR QUE O ERICH TINHA TERMINADO FALTANDO 14 MINUTOS AINDA!
Moral da história: nunca tire um tiozinho "pra picapau", mesmo que você seja jovem e teoricamente saudável e teoricamente bem treinado, etc, etc, etc, pois AUDAX NÃO É CORRIDA, correr mais pode não ser a melhor estratégia, e se, como dizem "Audax é X % psicológico" (sendo X qualquer valor entre 51 e 99), com certeza a PERSISTÊNCIA foi algo que ficou demonstrado como sendo um FATOR DETERMINANTE para pegar aquele brevet.
Independente de qualquer coisa, foi novamente uma aventura inesquecível, estou muito satisfeito com tudo, tanto da pedalada noturna, das companhias, da descida insana da serra de madrugada com neblina, do bom desempenho da ida, do teste da bike randoneira em condições reais de uso (aprovada!), e da tranquilidade que sobra depois que a gente desiste e começa a olhar a paisagem, comer bergamota e almoçar um excelente galeto com salada de batata, sem a menor pressa...
(e agora o print-screen): Eu, Helton Moraes, assumo que fui/sou um baita picapau, pois tirei outro ciclista para picapau, e no fim o outro ciclista conseguiu terminar o audax e eu não. Assim sendo, me curvo à superioridade do Erich Brack, que agora é meu picapau de referência por ter involuntária e indiretamente me colocado no meu lugar de picapau-mor.
Nota - O Site da SAC, publica todos os relatos dos nossos ciclistas participantes, portanto caso tenha escrito o seu, é só enviar via mails, que será divulgado aqui, ok?
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3 Responses to “BRM 300 km - Relato Helton Moraes”
28 de maio de 2013 às 03:49
Fiquei surpreso com a desistencia do Helton. Porém já no início, por volta do KM 90, ele já estava preocupado com a média. Deve se preocupar com a chegada no próximo PC. Parar toda hora vai diminuindo a sua chance de chegar. E num trecho de muita altimetria, a bike tem que ser mais leve possivel. Nada de randoneira com paralamas, bagageiros e outros "pinduricalhos" que pesam muito e tem "matam" nas imensas lombas. Com bike assim ou você é super homem ou não chega.......!
28 de maio de 2013 às 19:22
Opa Helton....tive o prazer de pedalar com o Sr. Erich por 80Km. Cheguei no PC1 as2h57m e consegui furar o pneu atravessando a rua. Como demorei para trocar, aproveitei para comer uma torrada e tomar um chocolate quente, e ela estava ele ...curtindo um chocolate quente e reclamando das letras "miudas" do cartão de rota.
Decidi descer com ele....ótima compania, conversamos bastante, conseguimos nos perder dentro de farroupilha.....e metemos a bota nas descidas.
Mantemos um ritmo bem bom, na saida de Boa Vista do Sul encontramos um amigo parado e comentei que ele havia pulado o PC surpresa, fiquei explicando e o Erich e um outro amigo que encontramos perdido pelo caminho se mandaram. Sai ao encontro deles e lá na frente disse para o Erich: - Vamos chegar no PC2 antes das 8? e ele calmamente falou: Puxa o ritmo e vamos ver.
Eram 7 da manhã e apertamos o ritmo até que ele me disse: vai que acho que não vou conseguir: eu simplesmente disse...vamo...vamo...vamo...
A neblina apertou e fiquei com medo que a minha roda dianteira caísse, já que minha blocagem começou a abrir....ali parei um pouco e ele me alcançou e fomos juntos....ele reclamou de fome e alcancei para ele uma barra de cereal..e eu disse: vamos que estamos perto...dei mais um gás, conheço bem aquela parte da rota do sol, pois treino por ali. Cheguei na Promilk bem....mas ciente que não voltaria, pois não teria como encarar as descidas com a roda daquele jeito...e para ajudar meu pneu traseiro quando furou no primeiro PC havia rasgado..e eu não tinha visto. Logo em seguida o Erich chegou conversamos mais um pouco enquanto ele comia, apresentei a minha namorada que estava me esperando ali, e comentei que iria parar e ele prontamente disse: capaz tu esta indo tão bem, to vendo que o mecânico ai vetou a volta...kkkkkkkk
dei o isotônico que a organização havia dado no pc1 para ele, me despedi e voltei para a base. Fiquei muito feliz ao ler que ele havia completado o Audax....PARABENS ao Sr. Erich não é para qualquer um e até o próximo
28 de maio de 2013 às 23:33
Gostaria de endossar e agradecer ao MALTA que no início do trecho andamos alguns KMs juntos. Cheguei no PC1 às 2:38 Passei de BOA VISTA do SUL, pois não encontrava o trajeto e fui 2(duas) vezes até o pedágio pegar informação correta, achei a entrada depois, mas dentro da cidade não dobrei na rótula que tem a imagem de uma SANTA, foi reto e me deparei com uma PLACA, dizendo que a 50m terminava a estrada de asfalto, voltei novamente para a entrada KM 111 onde já estava decidido que passaria pelo PEDÁGIO, pois não via outra opção e já tinha feito só neste trecho de ida e volta errando o caminho uns 22 KM, onde por sorte apareceram os ciclistas MALTA e o Sr. ERICH e ficamos até surpresos, qdo um fiscal nos chamou para carimbarmos o passaporte. Antes havia cruzado um ciclista no qual o MALTA, mais adiante o avistou e avisou do fiscal surpresa. Completei meu trajeto fazendo 326 KM e graças a estes dois ATLETAS do PEDAL consegui passar por este desvio que virou um pesadelo para mim que não via mais a saída na madrugada com cerração intensa. Sou AUGUSTO RODRIGUES PEREIRA e ao VALTER MALTA e o Sr. ERICH, verdadeiros guerreiros do AUDAX 300 BRM deixo, meu MUITO OBRIGADO.... e um até breve, pois o limite para um ciclista é uma estrada que ainda está para ser inventada....Valeu pessoal e parabéns a todos que de alguma forma ou outra tiveram coragem de enfrentar este desafio. Aqui não existe vencidos e nem vencedores, mas sim VERDADEIROS GUERREIROS DO ASFALTO !!!!
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